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O automóvel (que pena!) compromete a qualidade de vida

Wilson da Costa Bueno*

      O progresso técnico tem trazido inúmeros benefícios ao homem, facilitando a sua vida, aumentando a sua capacidade de fazer coisas, como locomover-se mais facilmente e com menor esforço.
      Os veículos automotivos, com certeza, são um dos melhores exemplos da inteligência humana, ao permitirem que as pessoas se movimentem com maior rapidez e atinjam, em menor tempo, locais distantes. Mas ( tudo tem um "mas" nesta vida), em contrapartida, os carros, ônibus e caminhões que circulam sobretudo pelas grandes cidades têm uma outra capacidade (esta absolutamente indesejável); a de poluir o ar que respiramos. Nas megalópoles, como São Paulo ou na cidade do México, o problema chega a ser assustador: na capital paulista, os automóveis respondem por milhares de toneladas de sujeira despejadas diariamente no ar e, gradativamente, ameaçam a saúde da população.
      São Paulo tentou, com a tática do rodízio - em cada dia da semana ficava proibida a circulação de uma porcentagem da frota, identificada pelo final da placa - diminuir o problema, mas duas coisas aconteceram: a adesão dos motoristas não foi tão grande como se esperava (quem pode, lançou mão de outro carro) e, por muitos outros motivos, a contaminação do ar não se reduziu.
      A situação tenderá a piorar no futuro, pois o número de veículos em circulação tem aumentado a uma média de mais de 1,5 a 2 milhões por ano, dos quais a maior parte permanece nas grandes cidades. Ou seja: a frota vem crescendo em ritmo assustador tanto nas megalópoles como nas médias e grandes cidades.
      A emissão de partículas ameaça realmente a saúde da população porque são constituídas de elementos tóxicos ( veneno puro) que agridem o organismo humano, como o monóxido de carbono, os hidrocarbonetos, os óxidos de nitrogênio e enxofre e material particulado.
      As pessoas sentem, em pouco tempo de convivência com o ar irrespirável das grandes cidades, problemas respiratórios crônicos e os que padecem de asma e bronquite ficam em situação insustentável.
      No mínimo, pode-se notar aumento das dores de cabeça, ardência nos olhos e irritação geral nas vias respiratórias, o que significa deterioração significativa da qualidade de vida. As crianças, particularmente as menores, são as mais afetadas e, por isso, os hospitais, as clínicas e pronto-socorros estão repletos de bebês com problemas derivados da poluição, que se agravam com a chegada do inverno.
      Há estudos que comprovam a relação entre o aumento da poluição e o aumento da mortalidade e, além disso, os especialistas, ainda que não tenham dados definitivos, não descartam também a relação entre a exposição prolongada à poluição e o câncer do pulmão.
      Mas não é só o ar que fica irrespirável. Os veículos automotores contribuem também para aumentar a poluição sonora e, novamente, a qualidade de vida fica penalizada.
      Você, caro amigo, que mora numa pequena cidade do interior e ainda pode respirar o ar puro e curtir o silêncio, deve levantar as mãos para os ceús.
      O oxigênio e o sôssego são fundamentais. Pena que o progresso esteja acabando com eles.

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*Wilson da Costa Bueno é jornalista, professor do programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da UMESP e de Jornalismo da ECA/USP, diretor da Comtexto Comunicação e Pesquisa.

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