Volume 2
Número 2

20 de julho de 2005
 
 * Edição atual    

          A contaminação pelos medicamentos

           A revista Carta Capital, em sua edição especial sobre Saúde, de 3 de agosto de 2005, traz como matéria de capa uma reportagem reveladora: os princípios ativos dos medicamentos são uma ameaça real aos ecossistas e à saúde dos cidadãos em todo o mundo.

           Citando pesquisas européias, a reportagem revela a descoberta de níveis considerados perigosos de resíduos de medicamentos em rios e lagos e mesmo nas águas que saem das torneiras das residências. Isso se deve ao fato de que os remedios que consumimos (cada vez em proporção mais elevada) são , necessariamente, eliminados através da urina e da fezes, na forma de metabólitos (fragmentos químicos dessas substâncias, como explica a Carta Capital). Alguns são ativos, tóxicos, solúveis em água e podem prejudicar seriamente a saúde e o meio ambiente.

           Ainda não há pesquisas suficientes sobre o efeito destes resíduos de remédios diluídos na água na saúde das pessoas, mas sabe-se, de longa data, que a ingestão indiscriminada de antibióticos pode provocar bactérias mais resistentes e, no organismo humano, desencadear infecções difíceis de serem combatidas pelos métodos e dosagens convencionais.

           Aqui, no Brasil, algumas pesquisas realizadas no Rio de Janeiro, no final da década passada, comprovaram traços de inúmeros medicamentos (antiinflamatórios, estrógenos e contra o colesterol) em cursos d`água e em afluentes de estações de tratamento de esgotos , com uma concentração mil vezes maior do que algumas encontradas na Europa, o que justifica a preocupação.

           Feito o alerta, urge esperar que as autoridades vinculadas à saúde e ao meio ambiente tomem providências não apenas no sentido de monitorar o problema, mas , sobretudo, de amenizá-lo.

           Como o próprio saneamento básico, de impacto fundamental na qualidade de vida dos cidadãos, tem tido investimentos irrisórios em nosso País, em função da negligência oficial, é importante que a sociedade civil, de maneira geral, a mídia e os profissionais de saúde e ambientalistas, em particular, estejam mobilizados. Em questão de saúde, vale o provérbio popular: não adianta colocar a tranca depois da porta arrombada.

 

 
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