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A
contaminação pelos medicamentos
A revista Carta Capital, em sua edição especial
sobre Saúde, de 3 de agosto de 2005, traz como matéria
de capa uma reportagem reveladora: os princípios ativos
dos medicamentos são uma ameaça real aos ecossistas
e à saúde dos cidadãos em todo o mundo.
Citando pesquisas européias, a reportagem revela a descoberta
de níveis considerados perigosos de resíduos de
medicamentos em rios e lagos e mesmo nas águas que saem
das torneiras das residências. Isso se deve ao fato de que
os remedios que consumimos (cada vez em proporção
mais elevada) são , necessariamente, eliminados através
da urina e da fezes, na forma de metabólitos (fragmentos
químicos dessas substâncias, como explica a Carta
Capital). Alguns são ativos, tóxicos, solúveis
em água e podem prejudicar seriamente a saúde e
o meio ambiente.
Ainda não há pesquisas suficientes sobre o efeito
destes resíduos de remédios diluídos na água
na saúde das pessoas, mas sabe-se, de longa data, que a
ingestão indiscriminada de antibióticos pode provocar
bactérias mais resistentes e, no organismo humano, desencadear
infecções difíceis de serem combatidas pelos
métodos e dosagens convencionais.
Aqui, no Brasil, algumas pesquisas realizadas no Rio de Janeiro,
no final da década passada, comprovaram traços de
inúmeros medicamentos (antiinflamatórios, estrógenos
e contra o colesterol) em cursos d`água e em afluentes
de estações de tratamento de esgotos , com uma concentração
mil vezes maior do que algumas encontradas na Europa, o que justifica
a preocupação.
Feito o alerta, urge esperar que as autoridades vinculadas à
saúde e ao meio ambiente tomem providências não
apenas no sentido de monitorar o problema, mas , sobretudo, de
amenizá-lo.
Como o próprio saneamento básico, de impacto fundamental
na qualidade de vida dos cidadãos, tem tido investimentos
irrisórios em nosso País, em função
da negligência oficial, é importante que a sociedade
civil, de maneira geral, a mídia e os profissionais de
saúde e ambientalistas, em particular, estejam mobilizados.
Em questão de saúde, vale o provérbio popular:
não adianta colocar a tranca depois da porta arrombada.
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