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Promovendo a Saúde e a Ciência
brasileiras
Comunicação & Saúde
entrevistou Ilana Polistchuck, editora da NOTISA, uma agência
brasileira de Jornalismo Científico, com atuação
destacada na área da Saúde. Na entrevista, ela debateu
a experiência brasileira de divulgação em
ciência e saúde, analisou a interferência dos
interesses comerciais nesse processo, a relação
entre jornalistas e pesquisadores e profissionais da área
de saúde, entre outros temas relevantes. Vale a pena conferir
Ilana
Polistchuck é editora da NOTISA , jornalista formada
pela Escola de Comunicação (ECO) da UFRJ - Universidade
Federal do Rio de Janeiro e médica pela Faculdade de Medicina
da UFRJ. Ilana é mestre em Comunicação pela
ECO - UFRJ. Professora de jornalismo da UFRJ e da UNESA. Editora
do site Medcenter Saude (2000 a 2001) A NOTISA (Notícias
de Saúde) é uma agência brasileira de jornalismo
científico em medicina e demais ciências ligadas
à saúde e tem como "objetivo é traduzir
a produção científica nacional das áreas
exatas, biológicas e humanas".
C & S: Fale-nos um pouco
sobre a Notisa (fundação, objetivos, área
de atuação, projetos em desenvolvimento etc)
Ilana Polistchuck: O modelo
da Notisa não tem nada de original. Eu trabalhava em um
portal grande de saúde para leigos e médicos usando
a Reutershealth, agência especializada em saúde e
vinculada à Agência Reuters (embora independente,
norte-americana e não inglesa) e exatamente, a maior área
de produção dela está focada na cobertura
de documentos científicos norte-americanos e ingleses,
principalmente. Mais ainda: grande parte das noticias que são
veículadas em nossa imprensa (grande e pequena) sobre pesquisa
cientifica em saúde vem da Reutershealth ou da BBC (que
por sua vez também usa a norte-americana como fonte, o
que explica um agendamento tão uniforme e repetitivo),
alem das revistas Nature e Science. Pensei, por que traduzir este
material (bom, correto e ético, por sinal)? Por que não
partir para outras fontes, principalmente brasileiras e tentar
interferir um pouquinho com esta agenda? Quando saí do
Portal, eu, um colega de jornalismo gráfico (a Agência
Notisa trabalha com ilustração vinculada ao conteúdo),
um programador e um outro de setor administrativo resolvemos juntos
implementar o trabalho de utilizar documentos científicos
à área de apuração tal qual a Reutershealth.
Associamos isto ao uso das clássicas fontes vivas, pensando
também em produção de impressos e produção
de contéudo para portais, já que tinhamos clareza
de que notícias não seriam compradas ou encomendadas
em curto prazo para a manutenção da Notisa. Nosso
trabalho hoje está focado na produção das
noticias, na edição dos sites científico
e institucional do Hospital Procardíaco (do Rio de Janeiro),
na produção de notícias e edição
dos sites científicos Medstudents e Odontologia (da Medcenter
solutions) e na confecção da revista institucional
Acomac (que aliás nada tem de ciência e saúde,
é uma revista institucional, fazemos o trabalho corretamente
e também obtemos recursos para nossas despesas). Alem disso,
na Bienal do Livro, agora em maio, estaremos lançando 1000
exemplares do número zero experimental de uma revista nova,
para leigos, sobre saúde e ciência. Outra proposta
é a criação de um curso com poucas vagas
(em formato de grupo de estudo) de estudos teóricos sobre
jornalismo e jornalismo científico para jornalistas e estudantes
de jornalismo que estejam trabalhando com jornalismo científico.
C & S: Detalhe o processo
de produção e distribuição das notícias
da Agência ( definição das pautas, definição
das fontes , a quem as matérias são encaminhadas
e as formas de aproveitamento)
Ilana Polistchuck: Então:
temos , em função de uma produtividade específica
do modelo fabril jornalístico (deadline), uma organização
com prazos de apuração e confecção
de noticias a partir de 1- documentos científicos principalmente
nacionais (mas internacionais também), 2 pesquisadores
que são escolhidos não só por conhecimento
pessoal, mas principalmente por investigação nossa
acerca de linhas e setores de pequisa e 3-cobertura de eventos
científicos, especificamente do conteúdo, inicialmente
no Rio de Janeiro, devido aos custos. Enviamos, diariamente, para
cerca de 6000 veículos entre jornalísticos e de
saúde, por email , uma noticia que pode ser utilizada com
crédito, exceto sábados, domingos e feriados, ou
todo o material que apuramos quando estamos em eventos, inclusive
no final de semana. Os sites sob nossa responsabilidade são
atulizados diariamente, produzimos newsletters semanais para os
mesmos para suas malas específicas de usuários cadastrados
e a revista Acomac é bimestral. A nova revista, em fase
de lançamento, deverá inicialmente ter periodicidade
bimestral, mas o lançamento do número 1 depende
de sua comercialização.
C &S: Baseada na sua experiência
pessoal e da Notisa, quais são os principais desafios ao
Jornalismo em Saúde e ao Jornalismo Científico,
em geral,no Brasil?
Ilana Polistchuck: Penso
que a questão focal seja retomar o conceito clássico
de jornalismo como instrumento de cidadania no que diz respeito
à relação entre os componentes das sociedades,
ao interesse público, à isenção e
à verdade (sua função social), sem fórmulas
fantásticas. O jornalismo científico - que ao mesmo
tempo noticia ciência e usa produção científica
para balizar determinados fatos - e o jornalismo em saúde
são áreas de trabalho específicas até
porque a segmentação em áreas de cobertura
é uma possibilidade estratégica de melhora e capacitação
profissional. Agora, considerar que existem vários jornalismos
- cívico, de vanguarda, de Terceiro Setor, privado, público,
publicitário (imaginem!), comunitário etc - e que
eles se definem independentemente como processos - é uma
armadilha, na verdade uma arapuca que exatamente nos afasta da
reflexão da função social (e não responsabilidade
social) específica do jornalismo.
C & S: Como neutralizar
, neste processo de divulgação, a natural interferência
de interesses comerciais localizados na chamada indústria
da saúde? Como compatibilizar o interesse público
com os compromissos das fontes?
Ilana Polistchuck: É
complicado, do ponto de vista das rotinas produtivas. Não
tenho nada contra os mecanismos de organizações
não jornalísticas (grandes, pequenas, pessoais até)
que buscam o agendamento nos espaços jornalísticos
através de estratégias mesmo de comunicação
; são genuínos, fazem parte dos processos de busca
de visibilidade que marca as três últimas décadas
do século 20. Agora, as mensagens podem ser complicadas,
ambivalentes, por vezes até perversas ou mesmo incompetentes.
Escolher qual dessas mensagens se constitui em conteúdo
que pode ser transformado em notícia é um problema
sim, que exige técnica jornalística.( Observe em
anexo , no final da entrevista, um release - e meu comentário
sobre o mesmo - que recebi ontem: retiro a fonte por motivos óbvios
de proteção profissional ao colega que emitiu tal
release, até pelo fato de imaginar uma postura acrítica
e pouco reflexiva por parte dele)
Agora, antes de se estabelecer
treinamento neste sentido, penso que a resposta neutralizadora
(gostei do termo) seja exatamente buscar a reportagem (entendida
como sinônimo de apuração ou investigação)
autônoma. Neste sentido, há que buscar as fontes
de forma independente e definir que o trabalho com "aquilo
que chega" já previamente escolhido (e escrito) por
um gestor de comunicação deve ficar, a princípio,
realmente de lado. Pautas e fontes escolhidas de forma independente,
seja um documento científico (no caso do jornlaismo científico),
uma pessoa, uma instituição etc já implicam
uma reflexão prévia vinculada ao interesse público.
A armadilha discursiva corrente de que este método é
caro, deve ser feito apenas em grandes empresas privadas de mídia
nada mais é que um exercício lastimável de
competição de mercado. Na Uerj também sou
editora da agência de notícias científicas
do Departamento de Jornalismo da Faculdade de Comunicação
(sou cedida pelo Ministério da Saúde) e funcionamos
independente da assessoria de comunicação; embora
nossa área de apuração seja a produção
científica da própria Universidade. Exatamente por
estarmos desvinuclados dos interesses específicos de divulgação
de grupos (políticos ou não), os estudantes de jornalismo
enfrentam as vicissitudes normais e árduas (pesquisadores
não muito disponíveis) da investigação
para as escolhas independentes. Outra estratégia que considero
extremamente simples: estimular a sugestão de pauta por
todos de qualquer redação, quebrando a hierarquia
extremamente vertical do divisão social do trabalho jornalístico.
Pautas centradas em uma pessoa contribuem para um agendamento
uniforme. A diversidade de idéias e escolhas , esta sim,
é uma resposta para um jornalismo ético. Valoriza
o trabalho dos produtores de noticias (em detrimento de grifes
pessoais), aumenta a produtividade e investiga corretamente os
espaços publicos e políticos de uma determinada
comunidade.
C &S: Como avalia o potencial
da Internet para o processo de divulgação e de educação
para a saúde? A experiência brasileira a esse respeito
já é digna de menção ou temos ainda
muito a caminhar na qualificação da cobertura na
Web?
Ilana Polistchuck: O potencial
tanto como instrumento de divulgação quanto de educação
(e também do exercício do jornalismo) me parece
muito grande, até pela especificidade deste tipo de meio
eletrônico que estimula a cognição, resgata
o texto e barateia a pesquisa. Entretanto, ele precisa ser visto
como mais uma possibilidade (diferente) e não como uma
substituição (ou convergência) do impresso
ou dos outros meios eletrônicos como rádio, tv e
cinema. A (infelizmente vulgarizada) questão do acesso
também é grave: historicamente os meios de extensão
de comunicação são sempre (lembrem-se do
rádio, antes do transistor), em sua gênese, incessíveis
aos excluídos da riqueza já que sua distribuição
se regula pelo mercado. Com relação à cobertura
da área de saúde - produção científica,
ofertas assistenciais, etc, - me parece (é uma avaliação
empirica) que há, por um lado, uma organização
maior de grupos específicos que estão vinculados
à organização de terceiro setor e que se
veiculam com mais estrutura até por estarem financiados
de alguma forma pela prática da responsabilidade social
pelo capital organizado tipo - nefropatas, hipertensos, transplantados,
pessoas especiais, culturas, etnias; por outro, sites que tratam
questões agendadas como nutrição e "beleza"
como artefatos de estratégias de venda. As faculdades formadoras
de profissionais de saúde, as sociedades científicas
(e suas publicações periódicas), os hospitais
privados e públicos, as secretarias de saúde, as
fundações e os institutos de pesquisa lutam ainda
com dificuldades financeiras e de desconhecimento do uso do profissional
de jornalismo para implementar sua visibilidade (fica aqui a sugestão)
e com isso fornecer conteúdo de qualidade sobre saúde,
diferente da propaganda institucional. Vamos, como exercício,
comparar o www.paho.org e sua versão em espanhol http://www.paho.org/default_spa.htm
com o www.opas.org.br (sites da Organização Pan-americana
de Saúde da OMS) e identificar a diferença da oferta
de conteúdo: o site brasileiro é insuficiente e
defasado, em comparação aos outros. Mas temos bons
trabalhos setorizados sim como o portal do INCA, da Fiocruz, áreas
do site do Ministério da Saúde, a rede Scielo, o
portais do CNPq e Capes, Sociedade Brasileira de Cardiologia,
também a de Patologia Clínica e vários outros
que, sabemos, exigem tarefas extremamente árduas para se
efetivarem e se atualizarem. A profissionalização
da produção de conteúdo é um caminho
importante e não tem nada a ver com qualquer tipo de perda
de liberdade de expressão ou de democratização
do conhecimento, muito pelo contrário. Revistas científicas
internacionais têm seu editor científico e seu profissional
de jornalismo para organizar conteúdo. São caríssimas,
vendem suas separatas por fortunas e seu acesso on line é
também custoso.
C & S: Como avalia a cobertura
de saúde realizada pela imprensa brasileira? Quais os principais
equívocos e virtudes desta cobertura?
Ilana Polistchuck: Normalmente,
não gosto de homogeneizar até porque os veículos
jornalísticos são diferentes, envolvem grande e
pequena imprensa, estão destribuídos pelos quatro
meios de difusão, e, por vezes, abrigam monopólios
que são organizações muito complexas para
avaliações éticas e de qualidade. Acho legal
avaliar produtos, parte de produtos - no mesmo grande impresso,
por exemplo, você encontra matérias vinculadas a
anunciantes, matérias resultantes de uma competente investigação
jornalística, matéria agendada por bombardeamento
de releases de produtos políticos ou vendáveis e
vai por aí afora. Mas, de forma reducionista, embora a
cobertura em saúde (e em ciência) represente a cobertura
jornalítica em geral, ela tem peculiaridades muito negativas
que basicamente estão ligadas de forma massiva a apelos
de mercados (venda de remédios, planos de saúde,
mercado de alimentos, exames (perigosamente) complementares, tratamentos
(perigosamente) "alternativos" e "milagreiros"),
disputas políticas de poder , celebrização
de pesquisadores específicos e , muito grave, agendamento
quase que exclusivo da produção científica
internacional. A cobertura das políticas de saúde
é ainda bastante complicada, quase inexistente. Trabalhamos
com as "vozes oficiais" sem a historiografia dos processos.
Talvez um bom trabalho seja avaliar a cobertura jornalística
da intitulada "crise da saúde" do Rio de Janeiro.
Por outro lado, penso que há uma intensa produção
de material de jornalismo científico e saúde que
responde adequadamente a estas intempéries.Por exemplo,
um veículo bastante interessante no uso que faz da produção
científica brasileira, mesmo que priorizando eixo Rio-São
Paulo (não importa) é a Rádio CBN do Sistema
Globo de Rádio. Também existe intensa veiculação
de informes competentes nos impressos (revistas leigas de todos
os tipos e para todos os públicos e jornais - de grande
e pequena imprensa), telejornais, radiojornalis, web etc. Há
muita gente competente trabalhando assim como gente incompetente.
Há reflexão na escolha e há, ao mesmo tempo,
a repetição de escolhas prévias, a revenda
de produtos e a inscrição até de uma lógica
discursiva de dominação ideológica.
C & S: Como analisa a relação
atual entre os jornalistas e os pesquisadores/docentes na área
de saúde? Ela repete a tradicional incompreensão
ou conflito entre cientistas e jornalistas ou tem caminhado para
uma parceria saudável?
Ilana Polistchuck: Esta
resposta está vinculada à anterior. Este conflito
existe sim e as formas de lidar com isto são explicativas
talvez de sua origem. Primeiro, penso que a diversificação
na busca das fontes pode neutralizar este conflito. Há
uma intensa produção científica no Brasil
, principalmete abrigada pelos setores de pós gradução
stricto sensu e cabe aos jornalistas do setor (científico)
descobrir estas fontes, dando visiblidade a esta produção.
O jornalismo científico precisa se esforçar para
focar menos nos cientístas e mais na ciência, que
é patrimônio público e, portanto, exige vigilância
e comunicação jornalísticas. O jornalismo
precisa manter um afastamento técnico de suas fontes para
que esta parceria não resulte em publicidade de pesquisadores
em detrimento da contribuição que aquelas pesquisas
oferecem para as problemáticas conjunturais ou para o conhecimento
público. Quem trabalha comigo não pode usar textos
tipo "os renomados fulano de tal e etc", "o mais
importante centro de pesquisa" e vai por aí afora.
Parece besteira, mas dar voz e não qualificar não
é uma "bondade" ´do jornalista, é
uma obrigação. Em síntese, a diversificação
diminui a dependência e, portanto, o conflito.
Em segundo lugar, o esforço
na melhora da qualidade da comunicação, tão
questionado pelos cientistas e técnicos pode também
ser uma resposta. Mas é preciso que se tenha noção
de que esta reação não é universal,
depende das culturas - a experiência, até on line
, por vezes, com alguns pesquisadores de outras nacionalidades
mostra isto. Se nem sempre o jornalista é cuidadoso com
a perfeita (será possível isso?) emissão
dos conteúdos ofertados pelo cientista, por outro lado,
nem sempre este último relaxa ao ver sua obra divulgada
de forma leiga. É preciso , principalmente nos espaços
de pesquisa mantidos pelos dinheiros do povo, que o cientista
perceba que a obra não lhe é exclusiva. Autoria
é diferente de uso de resultados e a discussão da
agenda científica por parte de não cientistas só
se dá através do acesso a este conhecimento. Esta
resistência por parte do pesquisador não envolve
apenas zelo: envolve também áreas de poder, de negócios
e de política.
C & S: A seu ver, a Academia
(em particular as escolas de Jornalismo e de Comunicação
em geral e de Medicina/Enfermagem etc) tem contribuído
para o aumento da massa crítica na área da comunicação
em saúde?
Ilana Polistchuck: Penso
que sim, pois embora compreenda que para o desempenho do jornalismo
as competências possam ser as mais diversas, sou bastante
normativa no que diz respeito à formação.
O ensino formal é recente, do século 18, e sua organização
é uma conseqüência mais ou menos óbiva
da forma como se organiza a sociedade. Valorizo o espaço
reflexivo dentro da Academia, valorizo a saída desta reflexão
para a área de trabalho (todos os meus livros acadêmicos
sobre comunicação e jornalismo estão na Notisa
para que possam ser consultados por quem está lá
trabalhando), acho uma bobagem rançosa (serve a quê?)
esta desvalorização de quem só está
na Academia ou quem só está no tal Mercado, e, finalmente,
considero um caminho legítimo (muito difícl) a interrelação
entre as escolas de comunicação (ou jornalismo)
e as escolas das disciplinas específicas a serem "cobertas",
como medicina, enfermagem, nutrição ou psicologia.
Não é fácil. Fiquei exultante pois uma determinada
faculdade da Uerj solicitou uma estagiária de jornalismo
para elaborar seu boletim. Entretanto, não consegui que
tal estagiária ficasse sob a supervisão da agência
de noticias científicas, não consegui nem mesmo
ter uma reunião em conjunto, fui avisada que não
precisavam de interferência De qualquer forma, solicitaram
alguém do jornalismo, já é um começo.
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Release recebido por email
na Notisa em 3 de maio de 2005
Sugestão de Pauta - Dia
das mães
Prezado (a) jornalista,
O câncer de mama representa
a principal causa de morte por câncer nas mulheres brasileiras
desde 1980. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer
(INCA), no Brasil, em 2005, o número de casos novos de
câncer de mama esperados é de 49.470, com um risco
estimado de 53 casos a cada 100 mil mulheres.
O diagnóstico precoce e
as novas técnicas de tratamento visando melhorar a sobrevida
das pacientes têm sido o alvo dos atuais avanços
tecnológicos, nas quais se inclui o BreastCare. Ele detecta
anormalidades na mama em apenas 15 minutos e o diagnóstico
é baseado na temperatura emitida pelo corpo da paciente
através de uma tabela de pontos. O uso deste dispositivo
foi aprovado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
que, inicialmente sugeriu o uso em regiões que não
possuem mamógrafos, testando grandes populações
de mulheres ssintomáticas.
Sugerimos entrevista com o mastologista e pesquisador da Fiocruz,
Dr. Roberto Vieira, que coordena um estudo em convênio com
o INCA (Instituto Nacional do Câncer), que avalia a precisão
do dispositivo.
O press-release completo segue
abaixo.
Caso tenha dúvidas ou precise
mais informações queira, por favor, entrar em contato
(telefone no final da mensagem).
Atenciosamente,
BreastCare detecta câncer
de mama em apenas 15 minutos
Aprovado pela Anvisa, FDA (Food
and Drugs Administration) e outros Órgãos de Saúde
da Comunidade Européia, o dispositivo possui vantagens
de custo e praticidade e auxilia na detecção precoce
do câncer de mama.
O câncer de mama representa
a principal causa de morte por câncer nas mulheres brasileiras
desde 1980. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer
(INCA), no Brasil, em 1979, a taxa bruta de mortalidade era de
5,77 para 100.000 mulheres; em 1999, foram registradas 8.104 mortes
decorrentes deste tipo de câncer; em 2003, foram diagnosticados
41.610 novos casos de câncer de mama com 9.335 óbitos.
Já em 2005, o número de casos novos de câncer
de mama esperados para o Brasil é de 49.470, com um risco
estimado de 53 casos a cada 100 mil mulheres.
O diagnóstico precoce e
as novas técnicas de tratamento visando melhorar a sobrevida
das pacientes, têm sido o alvo dos atuais avanços
tecnológicos, nas quais se inclui o BreastCare.
Esta nova "ferramenta",
fabricada pela empresa norte-americana Scantek Medical, é
um dispositivo térmico (termômetro) que mede digitalmente
a temperatura interna das mamas. Possui alta sensibilidade, podendo
ser utilizado por mulheres de qualquer idade (mesmo as mais novas
com tecido mamário muito denso), inclusive mulheres com
implante de silicone. Ele detecta anormalidades na mama em apenas
15 minutos e o diagnóstico é baseado na temperatura
emitida pelo corpo da paciente através de uma tabela de
pontos.
O uso deste dispositivo foi aprovado
pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que, inicialmente
sugeriu o uso em regiões que não possuem mamógrafos,
testando grandes populações de mulheres assintomáticas.
O mastologista e pesquisador da
Fiocruz, Dr. Roberto Vieira, coordena um estudo em convênio
com o INCA (Instituto Nacional do Câncer) que avalia a precisão
do dispositivo: "Apesar da análise ainda estar em
andamento, já podemos dizer que é válido
e recomendar ao Ministério da Saúde e aos municípios
a importação", revela. Em comparação
aos métodos diagnósticos tradicionais, o custo e
a praticidade do dispositivo descartável são as
grandes vantagens.
BreastCare funciona como uma espécie
de "triagem", isto é, a paciente realiza o teste
e, caso o resultado seja positivo, deverá ser encaminhada
para uma análise mais detalhada. O Dr. Vieira ressalta
que o BreastCare, produzido nos EUA, não substitui a mamografia,
mas ajuda no diagnóstico precoce do câncer de mama
e pode ser comparado a um teste de gravidez de farmácia.
Ou seja, funciona como um indicativo e métodos mais precisos
de detecção da doença (mamografia, biópsia
ou ressonância magnética) não podem ser descartados.
Segundo avaliação
realizada pela Fundação Oswaldo Cruz, em conjunto
com o INCA,o índice de precisão do aparelho, que
já é utilizado com sucesso em outros países,
gira em torno de 80%. O dispositivo para diagnóstico do
câncer de mama é formado por um par de discos com
uma almofada feita de um material capaz de isolar o calor. A elevação
da temperatura é um dos indícios de proliferação
de células cancerosas pelo corpo.
O INCA recomenda que as mulheres
entre 50 e 59 anos façam uma mamografia ao ano. "Não
existe prevenção, o que existe é detecção
precoce", reforça Vieira. "Em 60% dos casos que
chegam aos hospitais, o câncer está em estágio
avançado, quando as chances de cura são reduzidas
ou nulas", completa."
Comentário de Ilana Polistchuck
Embora eu esteja
muito acostumada a este tipo de material, fiquei perplexa (e também
os outros da Notisa). Será que o tal termômetro é
para ser dado como presente do dia das mães? Que uso é
esse destas informações, destes profissionais, destas
insitiuições (Anvisa, Inca) e do próprio
instrumento de exame complementar que, se eficaz, deve provavelmente
ser usado nas rotinas médicas de investigação
e não como um produto de consumo? Mas não sou fóbica
com o bombardeamento de informações, cabe o discernimento
e a decodificação destas mensagens, o que exige
especialização. Apenas acho lamentável trabalho
publicitário vir disfarçado: a publicidade tem seu
espaço, sua ética específica e sua estratégia
bem definida, não se mistura com o jornalismo.
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